Wednesday, August 16, 2006

Tudo acabou sem eu ter dançado...


Life is too short... já alguém o dizia... Então para quê este sofrimento desmedido, estes encontros e desencontros... Tenho sono, tenho tanto sono, mas o sono de uma noite não me chegaria, deixem-me sonhar, não quero ser acordada, apetece-me fechar os olhos e não deixar despertador algum acordar-me...estou farta, farta de tudo e de nada, farta de me sentir insana, farta estar consciente de que nada irá mudar... não quero mais prosseguir assim, com este peso em mim, que nem eu sei o que é ou de onde vem, nem para onde o carrego... quero apenas dormir... dormir... dormir e não mais sonhar... dormir e... não mais acordar... não quero que chegue o amanhã, nem o depois de amanhã, mas também não quero ficar neste hoje... não quero, não quero e o que quero não sei... Deixe-me dormir... levem convosco todos os montros e deixem-me ficar... quero apenas dormir...

Sunday, August 06, 2006

Um Domingo... é sempre um Domingo...




A dor talha-nos a alma, molda-nos o espírito, faz de nós melhores ou piores pessoas conforme a nossa capacidade para filtrar o que a vida nos reservou, e perceber que ensinamentos nos proporciona.
Existem dois caminhos, o da aceitação e o da negação, o da evolução e o da estagnação...tantos porquês ficam sem resposta, tantas dúvidas perenes, tanto que fica por dizer, tanto que fica por descobrir, tanto que fica por fazer, por pensarmos que amanhã é outro dia...e se o amanhã não chegar? E se hoje foi a última oportunidade que tivemos para ser o que sempre quisemos ser, fazer o que sempre quisemos fazer, dizer o que achamos que deve ser dito, amar, principalmente amar...amar sempre...amar os que amámos ontem, amá-los hoje, para continuar a amá-los amanhã, para que nos amem amanhã, mesmo que para nós o ontem tenha sido o último hoje das nossas vidas.
Ama-te a ti, ama quem te ama, mas ama...ama todos os dias da tua vida...
Existem tantos medos, medos de mais, medo do escuro, medo das alturas, do mar, de bichos, dos pais, dos amigos dos amigos, medo de nós próprios, medo do amanhã, medo de viver, medo de amar ou de nunca ser amado...
Não há uma receita para ser feliz, nem sei se “ser feliz” existe, ou se a felicidade não passa de meros momentos efémeros, que podem ou não repetir-se ao longo da nossa existência. Talvez o problema seja não os sabermos identificar como tal no momento em que ocorrem, de modo a ter a oportunidade de tentar eternizá-los.

Uma Terça-feira de um mês qualquer de um qualquer ano...próximos



Uma das piores sensações no mundo? A de ter algo para dizer e não lhe ser dada a oportunidade de falar, ter que manter para si algo que queria partilhar com alguém, com o mundo, e não ter ninguém para a ouvir, ninguém que a queira escutar, ninguém que oiça um apelo, mais que um apelo, um pedido de ajuda, “estou aki e preciso de um abrigo, uma bóia, um bote de salvamento, ou simplesmente...uma mão...dois braços que a queiram envolver, proteger, dar um carinho, uma voz que me acalme nos momentos de ansiedade, uma palavra de carinho nos momentos de tristeza, alguma coisa que me faça sentir que esta luta diária vale mesmo a pena, e que depois de algumas provações vêem os momentos de glória, de felicidade, de deslumbramento, de alegria.
Na vida não poderás ser eternamente feliz, mas se pelo menos tiveres momentos de alegria que para sempre possas recordar já levas contigo muito da tua passagem por cá...
Tretas...nunca me sinto satisfeita porque ontem atingi uma meta anteriormente traçada, as metas ultrapassam-se, ou não, mas para mim é absurdo ficar a contemplar uma vitória passada, há que estabelecer de imediato um novo objectivo e iniciar uma nova demanda, talvez seja mesmo este o motivo da minha eterna insatisfação, talvez por isso nunca me sinta feliz, nunca fui de ficar sentada a contemplar vitórias alcançadas, se bem que sofrer por batalhas recentemente iniciadas também não seja muito saudável, e acaba por não me levar a lado nenhum, que não ao da infelicidade por antecipação. Talvez tenha que aprender a estabelecer um tempo de pausa, de apreciação, de introspecção, e só depois iniciar um novo projecto.
Nunca cheguei a perceber esta minha pressa de viver, este contentamento descontente, esta constante insatisfação, a ansiedade nunca me levou a lado nenhum, a não ser à angústia, impossibilitando-me de viver cada coisa seu tempo, gozando os bons e passando pelos maus momentos um de cada vez...No fundo até sei, cada dia é apenas mais um dia, e nunca sei se cá estarei amanhã, como tal, acho sempre que o dia de hoje tem de ser o melhor da minha vida, e como raramente o é...
O “Amor que não se tem é o que mais se deseja”, li num livro a frase que melhor ilustra o meu sentimento em relação às relações...ou como diria o outro, tenho pressa de sair, quero sentir ao chegar, a vontade de partir para outro lugar...

"Now I can't change the way you think
But I can put my arms around you
That's just part of the deal
That's the way I feel
I put my arms around you"


(Massive Attack - Protection)

Sunday, July 30, 2006

Prefácio de uma vida...a minha



Sempre me apeteceu escrever um Prefácio dum livro, mesmo que não haja livro a seguir, ao menos que haja um prefácio, com todas aquelas dedicatórias, agradecimentos e afins...
Há tempos troquei as letras pelos números, as pessoas pela máquina de calcular, mas ficou sempre esta vontade de escrever, de confessar a mim mesma tudo o que me vai na alma...
Mas escrever o quê, sobre o quê, sobre quem, para quem??? A minha vida dava um livro... é um antigo lugar comum, mas talvez desse mesmo... não diria um best seller, mas talvez desse para encher algumas páginas, afinal já lá vão uns anitos de existência, uns anitos recheados de meia dúzia de projectos alcançados, outra dúzia de projectos por alcançar, e ainda sonhos que disso nunca passarão, mas não é tudo isso que faz parte da vida de qualquer comum mortal? Ou será que para escrever um livro se precisa de ultrapassar esse estado (o do estado de comum mortal) para se justificar fazer um livro...
Posso no entanto ser a personagem principal com uma vida mais floreada, recorrer a figuras de estilo, enaltecer feitos que não tenham assim tanto de extraordinário, ou exagerar pequenos (para quem não passou por eles serão sempre pequenos) dramas, afinal as hipérboles, os silogismos, as antiteses, e tantas outras ferramentas de escrita fazem parte do repertório de utensílios de grandes nomes da nossa literatura...
Não ambiciono ser um grande nome da literatura portuguesa, eu sou mais low-profile, não gosto de público, audiências, júris, críticos, ou whatever... gosto mesmo é de escrever para mim...Talvez seja mesmo uma narcisista, uma egoísta, uma egocentrista, ou simplesmente uma solitária tímida, que precise de um ombro para chorar as suas mágoas, vibrar com as suas vitórias, ainda que poucas, ainda que humildes, ainda que só minhas, perguntar a mim mesma qual o sentido de tudo isto, qual o sentido de estar aqui, que contributo dei ou darei ao mundo, se nenhum... então para quê estar aqui?
Mais um número apenas, mais um nome, mais um corpo??? Não, não faria sentido... ou pelo menos tento acreditar nisso, preciso acreditar para prosseguir... preciso acreditar... é isso... ACREDITAR...
Acreditar que amanhã será um dia melhor... mas é tão complicado para mim, uma ansiosa crónica, que quer tudo para ontem, pois amanhã posso cá não estar, quero que hoje seja sempre o melhor dia da minha vida, para que amanhã tente tudo de novo, e amanhã, mas só quando o amanhã for efectivamente o hoje, volte a ser o melhor dia de sempre... não sei se consigo fazer-me entender... aliás, acho que o grande problema é mesmo esse, o não conseguir fazer passar a minha mensagem, que é uma busca incessante da felicidade, diária, constante, sôfrega, desesperada, e infrutífera...
Não era feliz ontem, tentei mudar o que achei que estava mal, mas a verdade é que hoje também não fui... mas ao menos soltei as amarras, talvez amanhã... talvez... ou talvez não... quem sabe se não era feliz e não percebi... devo, tenho, quero ACREDITAR que não... tem que existir mais felicidade que aquilo, e por isso vou continuar à espera, continuar a lutar, continuar a ACREDITAR, só assim valerá a pena, só assim...