Sunday, July 30, 2006

Prefácio de uma vida...a minha



Sempre me apeteceu escrever um Prefácio dum livro, mesmo que não haja livro a seguir, ao menos que haja um prefácio, com todas aquelas dedicatórias, agradecimentos e afins...
Há tempos troquei as letras pelos números, as pessoas pela máquina de calcular, mas ficou sempre esta vontade de escrever, de confessar a mim mesma tudo o que me vai na alma...
Mas escrever o quê, sobre o quê, sobre quem, para quem??? A minha vida dava um livro... é um antigo lugar comum, mas talvez desse mesmo... não diria um best seller, mas talvez desse para encher algumas páginas, afinal já lá vão uns anitos de existência, uns anitos recheados de meia dúzia de projectos alcançados, outra dúzia de projectos por alcançar, e ainda sonhos que disso nunca passarão, mas não é tudo isso que faz parte da vida de qualquer comum mortal? Ou será que para escrever um livro se precisa de ultrapassar esse estado (o do estado de comum mortal) para se justificar fazer um livro...
Posso no entanto ser a personagem principal com uma vida mais floreada, recorrer a figuras de estilo, enaltecer feitos que não tenham assim tanto de extraordinário, ou exagerar pequenos (para quem não passou por eles serão sempre pequenos) dramas, afinal as hipérboles, os silogismos, as antiteses, e tantas outras ferramentas de escrita fazem parte do repertório de utensílios de grandes nomes da nossa literatura...
Não ambiciono ser um grande nome da literatura portuguesa, eu sou mais low-profile, não gosto de público, audiências, júris, críticos, ou whatever... gosto mesmo é de escrever para mim...Talvez seja mesmo uma narcisista, uma egoísta, uma egocentrista, ou simplesmente uma solitária tímida, que precise de um ombro para chorar as suas mágoas, vibrar com as suas vitórias, ainda que poucas, ainda que humildes, ainda que só minhas, perguntar a mim mesma qual o sentido de tudo isto, qual o sentido de estar aqui, que contributo dei ou darei ao mundo, se nenhum... então para quê estar aqui?
Mais um número apenas, mais um nome, mais um corpo??? Não, não faria sentido... ou pelo menos tento acreditar nisso, preciso acreditar para prosseguir... preciso acreditar... é isso... ACREDITAR...
Acreditar que amanhã será um dia melhor... mas é tão complicado para mim, uma ansiosa crónica, que quer tudo para ontem, pois amanhã posso cá não estar, quero que hoje seja sempre o melhor dia da minha vida, para que amanhã tente tudo de novo, e amanhã, mas só quando o amanhã for efectivamente o hoje, volte a ser o melhor dia de sempre... não sei se consigo fazer-me entender... aliás, acho que o grande problema é mesmo esse, o não conseguir fazer passar a minha mensagem, que é uma busca incessante da felicidade, diária, constante, sôfrega, desesperada, e infrutífera...
Não era feliz ontem, tentei mudar o que achei que estava mal, mas a verdade é que hoje também não fui... mas ao menos soltei as amarras, talvez amanhã... talvez... ou talvez não... quem sabe se não era feliz e não percebi... devo, tenho, quero ACREDITAR que não... tem que existir mais felicidade que aquilo, e por isso vou continuar à espera, continuar a lutar, continuar a ACREDITAR, só assim valerá a pena, só assim...

1 Comments:

Blogger mephistoDCLXVI said...

"Antes, a questão era descobrir se a vida precisava de ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, ficou evidente que ela será vivida melhor se não tiver significado." (Albert Camus)
Vivamos apenas. Beijos.

5:06 AM  

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